Por Patrycia Alves
Seis dias. Seis longos dias. O despertador toca na segunda-feira e, num piscar de olhos, já é domingo. E o que você faz? Dorme até meio-dia, curte a família e assiste a um filme? Claro que não! É dia de supermercado, máquina de lavar lotada e marmitas por semana. A folga vira um checklist, e no fim do dia, você está mais cansado do que na terça-feira.
Foi pensando nisso (entre outras coisas) que alguém, levantou a questão: “Será que o modelo 6×1 ainda faz sentido?” Não que os trabalhadores não consigam aguentar — a gente aguenta tudo, até o insuportável. Mas será que precisamos viver assim?
Porque, sejamos francos, trabalhar seis dias seguidos e descansar um é o equivalente moderno de correr uma maratona e ganhar uma toalhinha de brinde. A escala 6×1 é um jeito elegante de dizer: “Toma aqui esse dia, mas não aproveita muito não, tá? Já é segunda de novo.”
E aí vem a pergunta: “Mas como as empresas vão sobreviver?” Olha, se o trabalho árduo fosse a chave para prosperar, o Brasil já seria a maior potência mundial, porque o brasileiro trabalha como ninguém. Mas produtividade não é sobre horas, é sobre qualidade e resultado. Aquele funcionário descansado, que chega na segunda-feira com um sorriso no rosto (e não com olheiras de panda), rende muito mais do que o outro que passou o domingo dobrando roupa e organizando a casa.
E vamos combinar: a folga de um dia só é um insulto à nossa criatividade. Não dá nem tempo de começar a pensar em algo divertido. Se você tem filhos, sua “folga” se transforma num “vamos para o parque” (leia-se: carregar mochilas, lanches e ouvir gritos por três horas seguidas). Se estiver sozinho, fica aquele dilema: “Descanso ou limpo a casa? Posso fazer os dois?” Spoiler: não pode.
Viver é muito mais que trabalho. É poder acordar sem pressa, com tempo suficiente para perceber que os filhos cresceram, que o cachorro ficou grisalho ou que as flores no jardim estão desabrochando.
A PEC do fim do 6×1 é mais do que uma questão de leis trabalhistas. É sobre mudar a forma como enxergamos o tempo, o trabalho e a vida. Imagina um mundo onde domingo é realmente domingo, com almoço em família, tarde de preguiça e até tempo para esquecer que a segunda-feira existe? Parece utopia, mas pode virar realidade. Seis dias? Não. Que venham cinco, quatro, ou o quanto for preciso para que a gente troque o verbo “sobreviver” por “existir”.
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